ENTREVISTA DANIEL RAMON: "Eu tenho os pés no chão"

Daniel Ramon em ação. Foto de J. Batista

Um dos músicos mais experientes da nova geração chega aos 37 anos e em seu melhor momento criativo. Com mais de 200 músicas na internet, diversos vídeos e MP3, mesmo afastado dos holofotes da mídia tradicional ele vem conquistando mais e mais espaço. A voz, privilegiada em extensão e timbre, ganha a cada dia melhores interpretações. Cantor autoral, Daniel Ramon não abre mão de priorizar o próprio acervo. Para o grande público, a simples "Simbora" ainda é seu grande hit como compositor. Apesar disso, seu repertório de artista é muito mais rico, incluindo canções antológicas como "Lágrimas", "Longa Estrada", "O Universo da Paixão", "Temporal de Desejos", "Menina Miragem" e muitas outras. O blog De Tudo O Mais entrevistou Daniel, e ele falou abertamente sobre o cenário musical brasileiro, sobre o Axé Music e sobre sua aventura na banda Asa de Águia, onde integrou como contrabaixista por três anos.

DE TUDO O MAIS: O AXÉ MUSIC ACABOU?

Daniel Ramon: Eu sinceramente não sou uma pessoa com autoridade pra dizer isso. Acho que rotular a música brasileira é que está acabando, gradativamente.

DTM: MAS HÁ UM SUMIÇO DO AXÉ NO MERCADO...

DR: Eu não me preocupo com a longevidade de nenhum seguimento musical. E justamente por isso, tenho me desprendido de qualquer ligação concreta nesse aspecto.

DTM: COMO FOI A EXPERIÊNCIA ASA DE ÁGUIA?

DR: Ainda tem sido. Gravo e atuo nos shows com os mesmos músicos. Não gostaria de comentar nada sobre o Asa nessa entrevista.

DTM: POR QUE?

DR: Porque eu não me sinto no direito. Acho que existem pessoas competentes nesse assunto. Vou dizer que me sinto bem quando toco com eles. E isso é suficiente.

DTM: OK, VAMOS FALAR DE DANIEL RAMON. VOCÊ PRATICAMENTE NÃO FAZ SHOWS, ESTÁ FORA DA TELEVISÃO E DO RÁDIO, É POSSÍVEL SER ARTISTA APENAS NA INTERNET?

DR: Eu sinto que há uma procura natural maior pelos artistas de televisão. Eu tenho ido à TV como músico. Fui ao (Canal) Multishow, à TV Globo... Por outro lado, a internet conta a minha história, principalmente através dos vídeos no YouTube e em outros sites. São na sua maioria amadores, porém guardam seguramente a autoria de minhas músicas. É possível sim, formar público aqui (na internet). A princípio não terei um milhão de seguidores, não terei Instagram e Facebooks lotados, mas estou presente e tenho ouvintes.

DTM: MAS SEU PÚBLICO É MUITO PEQUENO PERTO DE ARTISTAS COMO IVETE SANGALO, JORGE E MATEUS, LUAN SANTANA, CONCORDA?

DR: São artistas que fazem grandes shows com excelentes estruturas, são artistas também que aparecem nas grandes emissoras de TV. Não dá pra comparar. Eu tenho os pés no chão e sei qual minha condição. Mas nem por isso vou parar de trabalhar. Vi que minha maior página no Facebook tem cinco mil pessoas. Meu instagram não ultrapassa três mil pessoas.

DTM: VOCÊ ACREDITA QUE O PÚBLICO DESPREZA SEU TRABALHO POR ESTAR FORA DA TV E DO RÁDIO?

DR: Não acho que é por causa disso. Tem pessoas que gostam muito. Falta uma frequência maior de shows. Meu som anda muito desligado no mercado. Pra uma canção minha ser ouvida, tenho que postar vídeos em redes sociais. E a procura é quase nenhuma. Porém quem ouve gosta. Tenho uma aceitação de quase cem por cento de quem me escuta.

DTM: O QUE VOCÊ ACHA DA ATUAL MPB?

DR: Eu fico feliz quando vejo artistas como Guilherme Arantes lançando álbum. Mostra que estão no presente e ativos. Sou otimista. Gosto de música bonita. Música ruim eu nem comento.

Daniel Ramon em seus vídeos amadores: Centenas de composições.