Tom Boy

Ao longo dos anos as historinhas se repetem. Mudam as personagens, mas o enredo sempre fica ali, pronto esperando ser usado de novo. Correr. Pode representar somente andar muito depressa. Pode ser ainda uma disputa honesta por um melhor posto numa prova de automobilismo. Correr para vencer. Assim fazia, fez e faz um corredor. Dia de festa em Xangai. Teve muita comida e bebida, gente feliz e cumprimentos honrosos. Parecia uma parada de feriado, de gente que invadiu a pista. Os carros finalmente pararam depois de mais um grande feito de Tom Boy. Uma grande euforia tomou conta de toda equipe. Afinal, o segundo piloto da Pantros Car venceu mais uma corrida. Mas Tom estava em outra com sua felicidade. Apesar da festa, o novato via depois do horizonte, um mundo muito diferente do que estava sendo lhe mostrado. E nesse sentimento foi vencendo, corrida a corrida e o campeonato em si em nada lhe atraiu, pois seu maior trunfo nem tinha sido totalmente desembrulhado. Tom Boy vinha fazendo o seu melhor, quando de repente o viram falar bem da equipe rival, numa entrevista infeliz. Sem perdoar, os adeptos da Pantros o chamaram de traidor. Esqueceram de todas as suas conquistas, os feitos inesperados, toda boa surpresa foi sepultada. Mas poucos sabiam que ele falava apenas o que lhe era mandado. Coitado. Foi hostilizado e teve seu nome visto para sempre como uma coisa negativa para a Pantros Car. O primeiro piloto voltou a vencer as provas e praticamente nenhum torcedor olhava mais para Tom. Finalmente foi chamado e demitido. Esquecido e sem culpa, voltou a correr num grande carro anos depois, onde ao mesmo tempo que defendia seu time, por contrato deveria incluir gentilezas a alguns concorrentes indiretos, o que novamente lhe custou caro. Sem ter como provar ser inocente, recebeu uma cruz atualizada, desta vez muito mais cruel que a anterior. Nem por isso Tom Boy deixou de correr. E de vez em quando ainda vence algumas corridas, embora seja obrigado a deixar o primeiro piloto lhe ultrapassar.